O tempo

O tempo é passageiro
Mais do que o pensamento
Acerca do próprio tempo

Os dias passam voando
Como pássaros ao horizonte
Mas os pássaros param
O tempo não

Faça frio ou faça sol
Estejamos bem ou estejamos mal
O tempo não está nem aí
Se o acompanhamos ou não

Eis então os maiores desafios
Fazer do tempo um grande amigo
Ressignificar segundo por segundo
Da ampulheta que rege o mundo

Pois o tempo também constrói
No fim de tarde eis o pôr do sol
Uma obra de arte nos céus
Fim também é conclusão

Se no instante houver mágoas
E das mágoas fotos rasgadas
O tempo aperta a saudade
Reconstrói a boa amizade

O tempo nos floresce
Nos presenteia com flores
E ainda que haja espinhos
Não deixam de ser flores

Quão peculiar ensinamento
Onde o tempo nos diz não
E este é melhor que o sim

Pois no fim, o segredo da vida
É não temer a brevidade
Mas viver instante por instante
Como uma breve eternidade

Diego Rodrigues Silva Aguiar
© Todos os Direitos Reservados

Contrastes do suposto social

Arranha-céus ofuscam o horizonte
Moldura esculpida do lixo ao luxo
Sonhos e mais sonhos à beira mar
Pesadelo na beira do córrego sujo

Em ônibus lotado a cinco da manhã
Trabalhadores atravessam a cidade
Como ovelhas na presença de lobos
São subjugados como inferioridade

Apesar, vozes ecoam dos findados
Independentemente dos insumos
Talentos escalam o fundo do poço
Olhos sedentos ao topo do mundo

Os proletariados regem as cidades
Mas são discriminados pela sua cor
Como se no branco coexistisse paz
Como se no preto ausentasse amor

Irracional distúrbio segregacionista
No leito de morte somos todos um
Porém, o argumento não convence
Ódio propaga como senso comum

Reivindicações avançam lentamente
Pois os movimentos são dissociados
O único caminho para revolucionar
É o caminho do sangue derramado

Enquanto isso, a indústria estuda
Novas formas de entretenimento…

Diego Rodrigues Silva Aguiar
© Todos os Direitos Reservados